DESCANSO PARA LOUCURA: abril 2015

PESQUISE NESTE BLOG

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Museu de Cera (Dreamland), Foz do Iguaçu/PR - parte 5

Trazemos neste momento a quinta postagem sobre o Museu de Cera (Dreamland) de Foz do Iguaçu, Paraná), na qual poderemos ver personagens como "top model" internacional Gisele Bündchen e o proprietário da Revista Play Boy Hugh Hefner.
Se quiser rever as Postagens anteriores, acesse os seguintes links:
I
O Mestre dos mestres Charlie Chaplin.
 
A modelo brasileira Gisele Bündchen, que se despediu das passarelas este ano.
 
 
O artista Mr. Bean.
Albert Einstein.
Hugh Hefner.
 
 
 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Resumo: Capítulos 1 e 2 do Livro "O Poder em Cena", de Georges Balandier

CAPÍTULO 1: O DRAMA

     No início do capítulo 1, intitulado de O DRAMA, o autor fala numa espécie de “teatrocracia”, que seria uma ação incutida nos bastidores da sociedade e das disposições do poder – o poder político. Esta forma de agir relacionando sociedade e poder impõe aos atores políticos, segundo o texto, uma obrigação quanto ao seguimento de suas regras.
Imagem retirada de: www.wook.pt
Essas ações da “teatrocracia” envolvem sociedade, teorias, drama e atores envolvidos neste drama social.
A partir destas considerações o autor começa e elencar uma série de fatos, até mitológicos para justificar a verdade do poder, onde, muitas vezes, o fundamento das grandes mitologias incide mais sobre as relações de poder do que mesmo a própria contribuição científica. Cita inicialmente o célebre escritor Maquiavel, que chega a comparar o príncipe com o demiurgo aristotélico, conferindo a ele um caráter divino e totalmente simbólico, isto para demonstrar que a sociedade não precisa estar envolvida em todas as tomadas de decisão por parte do poder político, mas sim, é preciso que ocorra uma ilusão de ótica, e esta é conferida por meio dos atos simbólicos e típicos do imaginário. Cita também exemplo ocorrido em Florença, onde o império do florentino fora colocado sob a égide de Cristo, num extremo jogo do imaginário, do ideológico, do ilusório, respaldados por uma oratória do convencimento. Em síntese, nesses termos, “o grande actor político comando o real pelo imaginário (...) o imaginário clássico projecta sobre a cena onde se cumpre o drama lírico as representações duma ordem onde tudo se põe de acordo. Dela produz a ilusão e, assim sendo, o justifica” (BALANDIER, p. 21).

Está presente em sociedade e em diferentes momentos históricos, certo acervo, uma reserva, de imagens, de símbolos, de modelos de agir e que são empregados pelos ocupantes do poder, a depender de suas necessidades, sejam individuais ou coletivamente orientadas restritivamente. Segundo o texto, esse herói político, tem como maior aliado sua capacidade de dramatização, é ela quem vai possibilitar-lhe o engendramento das relações de poder a seu favor, sendo ele reconhecido exatamente por essa sua força e capacidade de convencimento, de oratória, de justificar suas ações por meio dos elementos simbólicos, a que se apega.

Na contemporaneidade, este articulador sábio do imaginário com a sociedade muda de figura, assegura o autor, tornando-se mais perspicaz no uso dos elementos típicos do conhecimento científico, afinal a modernidade exige mais criticidade e menos ignorância, escuridão. Este aparece como aquele capaz de iluminar o presente com promessas futuras. Mesmo porque nesses termos, a democracia não permite que o governo seja aclamado somente por via do divino, por exemplo, mas deve ser, primeiramente, uma resposta da vontade da maioria. Torna-se necessário, portanto, usar-se da “arte da persuasão, do debate, a capacidade de criar os efeitos que favoreçam a identificação do representado com o representante (...) a eleição é o grande drama em cena” (BALANDIER, p. 23). Também os tempos modernos trouxeram outros meios de implementar melhor a presença do poder sobre os súditos, são os “os meios dos média, da propaganda e das sondagens políticas, reforçando a produção das aparências, ligando o destino das pessoas de poder à qualidade de sua imagem pública tanto quanto às suas obras” (BALANDIER, p. 23). Independentemente de se estar usando os recursos modernos ou os mais tradicionais, trata-se, sempre, de difundir e incutir um imaginário “oficial”, que obscurece a verdade das coisas, mascarando a realidade e metamorfoseando a sociedade, portanto, “transforma todo um povo numa multidão de figurantes fascinados pelo drama em que o mestre absoluto do poder os enreda” (BALANDIER, p. 23). Logo, nestes termos, o Estado, o centro e difusor de poder, faz com que se pense e se aja segundo suas diretrizes, uma vez que elas estão sendo, dia a dia sendo inseridas na mente de cada ente individual, criando um coletivo alienado.  Também a conjuntura é fator decisivo num maior ou menor índice de dramatização do poder sobre a sociedade, isto é, maior ou menor influência nefasta.

Essa influência do simbólico, do imaginário, segrega, hierarquiza, moraliza e instala-se na sociedade em níveis desiguais, a depender do grau de instrução desta sociedade, ou mesmo da capacidade de se impor e se usar desses elementos alienantes que venha a ter o representante do poder.

O poder simbólico, mesmo sendo excepcionalmente ideológico, imaterial, usa-se de elementos tipicamente apreendidos materialmente, como comemorações, manifestações, execuções; mas principalmente ele se situa num local, num espaço de demonstração de poder e fausto, tais são os exemplos citados pelo autor: o Palácio de Versalhes, para Luis XIV e os franceses da época; Brasília, a capital construída no Brasil, pólo irradiador do poder político; a cidade de Roma e sua fiel associação com poder religioso, etc. em todos esses contextos o poder regula através de uma expressão espacial e o poder é, muitas vezes, sagrado e “visa o efeito mais do que a informação, procuram a influência durável sobre os súditos” (BALANDIER, p. 28).

De todos os exemplos e situações, é apontada como grande ferramenta a palavra, porque ela expressa força e efeitos, cria ilusões na realidade palpável forjando a realização da ideia pensada e difundida. As palavras também excluem, primeiramente porque há a palavra do governante e as menos importantes palavras dos governados. “Nas sociedades modernas ditas do espetáculo, o contraste acentua-se muitas vezes entre as manifestações públicas do poder, a aparição, a aparência, o barulho feito na periferia, e o silêncio do centro onde se situa o governo” (BALANDIER, p. 30).

Ressalta-se que as sociedades modernas mudaram o modo de representação, submetendo-se aos efeitos da secularização; nestes termos, aquele que quer se apoderar do poder deve ter uma capacidade de conquista, de tornar-se figura pública e ganhar uma dimensão nacional, por exemplo. Mesmo porque, na modernidade, com a separação definitiva entre Estado e Igreja, o imaginário sacralizado é menos eficaz, o que não quer dizer que não seja praticado. É que, a mudança dos temas e dos símbolos acompanha o desenrolar da história, permutando entre religiosos, artísticos, estéticos, locais (estratégicos), etc.



CAPÍTULO 2: A DESORDEM

Neste capítulo o autor vai expressar especialmente as considerações a respeito do ridículo dentro das relações sociais, usando-se sempre como exemplos a existência do Bobo da Corte. Diz, inicialmente que, a “ordem social distingue, classifica, hierarquiza, traça limites defendidos pelos interditos” (BALANDIER, p. 43).

Quanto ao ridículo, a reação a ele vai depender da sociedade, mas pode trafegar entre o ostracismo, a humilhação pública ou a vergonha suicida, ou o retorno ao pecado. O medo de estar exposto ao ridículo faz com que as pessoas se alinhem, tornando-se uma vítima do poder, porém fiel ao ataque do simbolismo incutido socialmente.

O Bobo da Corte é aquele que pode expor as verdades da sociedade, seus ataques tímidos contra o poder, sem o ser punido ou mesmo levado a sério. Quanto a sua presença na história, o autor assegura que sua figura “ocupa uma posição central tanto nos mitos popularizados pelas literaturas orais como naqueles que comandam o sagrado e as práticas rituais” (BALANDIER, p. 47). O Bobo está associado ao “movimento, aos desequilíbrios, aos acidentes; ele impõe a sua indisciplina divina à ‘disciplina’ da ordem social e universal” (BALANDIER, p. 48).

O interessante é que, o ataque – verbal ou atitudinal – proferido pelo Bobo da Corte, ou Trapaceiro, não respeita nada nem a ninguém, fere tanto ao poderoso quanto aquele que é dominado, porque sempre tem um objeto [social] a ser trabalhado. Seu ataque, historicamente e espacialmente localizado, está relacionado à questão do poder, também à sexualidade e ao sagrado, assim as sutilezas da sorte. Trata-se, portanto, se parodiar com esses conceitos porque eles estão sempre presentes nas relações sociais; é “o sagrado que oprime, o sexo que alimenta as suas pulsões, a sorte que produz e a incerteza e os riscos” (BALANDIER, p. 50).

É por estar na sociedade, mas também permeando sempre as relações de poder, muitas vezes na companhia direta dos lideres dos Estados; e por seu caráter de louco e pela simbologia que desperta, que o Bobo transita com liberdade absoluta entre o mundo real e a expulsão das palavras da forma que mais exagerada possam criar uma situação de troça no meio que se expressa; assim podendo romper com tabus, com disciplinas, com modelos de alienação e apatia social e despertando tanto o respeito, a reverência, a afeição, quanto o ódio e o medo. Sua presença encontra-se nas histórias populares tradicionais, nos reinos antigos e seus relatos, na literatura em si, na pintura, nas cenas folclóricas, etc. Assegura o autor que, “sua transgressão permanece limitada pelo ritual, não se confunde jamais com a transgressão a orgia” (BALANDIER, p. 52). No geral “ele mostra aquilo a que ficaria sujeita uma sociedade onde as normas, as proibições, os códigos se dissolvessem: em uma regressão até ao estado selvagem que ele mina em alguns dos seus exageros, a um abandono” (...) (BALANDIER, p. 53).

Situando-o historicamente observamos que na Antiguidade ele era mantido nas casas dos poderosos e ricos a fim de fazê-los rir durante as refeições, relacionado à arte do divertimento; já na Idade Média passa a ocupar papel importante junto aos príncipes e reis, ocupando, inclusive, uma posição político-institucional; somente no século XIV ele assume posição semelhante a um funcionário institucionalizado, sendo incluído no orçamento do Rei. O último a exercer esta função foi Angely, junto a corte de Luís XIII e depois Luís XIV, tratava-se do último a exercer esta função de Bobo particular do Rei; posteriormente este cargo foi extinto definitivamente.

O Bobo serve para mostrar que o poder dos governantes não é estruturado somente segundo convenções, mas também que as coisas aparentes e parodiadas estão presentes no governo, fazendo parte dele e exercendo alguma ação sobre a sociedade.

Socialmente falando, isto é, voltando-nos para a vida de um cidadão, se este é tido como desviante ou capaz de pôr o governo em dúvida, é tornado Bobo, sendo este predicado o mais terrível possível, tornando-o ridicularizado e publicamente depreciado, jogado para o âmbito da loucura, devendo ser tratado psicologicamente; trata-se do ritual dramático de segregação, uma dramatização que exclui, separa, esconde. Isto porque, nas sociedades modernas, pratica-se implicitamente por causa do simbolismo, um totalitarismo exacerbado, levando o desviante a um normalismo e a um conformismo tendenciado e proibitivo, tirando o dito louco de seu contexto social e levando-o a casas ditas de recuperação, destroçando seu habitat social e sua personalidade. Desta forma permanece uma ideia de separação, ainda, porque se desconsidera a totalidade, a realidade social e individualizam-se as ações e as pessoas e “as aparências que emergem do imaginário colectivo podem, destruir as que são produzidas pela sociedade convertendo, assim, as ilusões que mascaram a realidade em verdades expostas sob o modo ilusório, através de metáforas, figuras e alegorias, fantasmagorias” (BALANDIER, p. 59).

Recentemente meios modernos invocam uma espécie de prática semelhante àquela feita pelos Bobos de Corte, tais como o cinema, através de alguns filmes, também alguns partidos quando baralham, desvendam, dramatizam e perturbam os eventos promovidos pelo poder local. São ações como estas que criam a possibilidade de questionar a dita ordem, mostrando que a, implícita, uma grande desordem, marcado pela existência de um conformismo e da não mudança.

Por fim, percebemos que são fases históricas que trazem consigo personagens, movimentos, formas de poder, modos de receber esse poder e suas ações, muitas vezes autoritárias, pouco democráticas; são influências sobre os homens (cidadãos) das mais diversas vertentes: religião, filosofia, ciência, artes, etc. todas elas situadas e influenciadas pela história dinâmica, predominante na vida social.

JaloNunes.
O autor. Imagem disponível em: tendimag.com
BIBLIOGRAFIA:

BALANDIER, Georges. O Poder em cena. Coleção Comunicação. 

SEGUIDORES