DESCANSO PARA LOUCURA: Resumo: Apologia de Sócrates, de Platão

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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Resumo: Apologia de Sócrates, de Platão

Sócrates compareceu ao Tribunal Ateniense pela primeira vez em 60 a nos de vida, como um simples cidadão cumpridor de leis, com a finalidade de defender-se de acusações antigas, porém, agora reforçadas, falácias sem lógica, pois Sócrates tem consciência da falsidade que seus acusadores apresentam.  No Tribunal, ele fala com os presentes de forma simples e verdadeira como conversa com qualquer outra pessoa que queira lhe ouvir, seja na Praça ou em qualquer lugar, tendo em mente que caberá ao Juiz identificar se está ou não falando a verdade.
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Preocupa-se em defender-se primeiro das acusações antigas, depois das menos maléficas: os recentes e as recentes calúnias, sabendo também da ameaça das pessoas que lhe cercam, essas lhes dão falsas qualidades, mostrando ao povo um Sócrates diferente; pessoas que nem sabem o que dizem de fato. Com todos querendo o seu mal, só lhe resta defender-se; para isso precisa apresentar verdadeiros argumentos para apagar tais calúnias. Ser absolvido seria bom, porém a sociedade ateniense é quem ganharia mais com a sua liberdade. Sócrates é refutado desde as Comédias de Aristófanes, que lhe atribuía caráter oposto à realidade, além de Mileto, remoto, porém atual e renovado acusador.
Certa ciência é responsável por sua reputação. Seu amigo, Querefonte, tendo ido a Delfos consultou o Oráculo, perguntando-lhe se existia alguém mais sábio que Sócrates, recebendo a resposta não. Após saber o que o Oráculo havia dito, Sócrates inicia um trabalho de investigação das pessoas, em especial dos que se diziam sábios, na esperança de encontrar ao menos um e mostrar que o Deus de Delfos estava contrariado. Com esses interrogatórios, ele tornava-se odiado pelos políticos, poetas, artesãos, oradores e demais intitulados de sábios, pois se fazia entender que nada sabiam. Entendeu então que era sábio porque reconhecia nada saber e tornou-se um instrumento do Deus, para mostrar ao povo que a sabedoria humana é desprovida de qualquer valor.
Os jovens lhe acompanhavam de forma espontânea, às vezes imitavam-lhe, interrogavam os outros e eram surpreendidos, com isso as pessoas revoltavam-se, principalmente os pais dos jovens que costumavam ouvir Sócrates.
Não se preocupava em ser condenado, já que nada perderia, em contrapartida, o povo de Atenas é quem estaria abrindo mão de uma dádiva oferecida pelo Deus, e seria muito difícil encontrar outro igual a ele.
Sua inocência poderia ser provada se analisassem a sua vida, humilde, já que nada recebia, tudo que fazia era para o bem dos atenienses em nome do Deus.
Se fosse político nada de bom teria oferecido ao povo e poderia ter morrido há mais tempo, a morte não importava, o melhor era favorecer a lei e a justiça e, apesar dos títulos, não se julgava mestre de ninguém, o que falava para um falava para outro.
Embora correndo um altíssimo perigo de ser condenado, jamais suplicaria a absolvição, para ele, suplicar é uma falta de honra para toda a cidade, até porque iria morrer sendo ou não condenado. Ironicamente não pediria piedade a Zeus, pois que  Mileto também o acusava de impiedade.
Por não ter provas verdadeiras contra Sócrates, Mileto tomando as dores dos poetas, representada por Ânito e as dores dos artesãos e políticos, representadas por Lincon, além dos oradores, lhe acusava de forma precisa, de corromper os jovens; além de apresentarem calúnias comuns contra todos os filósofos; “Sócrates estuda os fenômenos celestes; o que existe debaixo da terra; não crê nos Deuses da cidade e faz prevalecer a razão mais fraca”.  Entretanto, ficaria até surpreso se conseguisse apagar calúnias tão fortes em tão pouco tempo.
Sócrates inicia uma série de perguntas a Mileto, na tentativa de mostrar a realidade a respeito das acusações. Trabalhando com a verdade como de costume, deixa Mileto sem argumentos concretos sobre o que ele mesmo insistia afirmar; fez sua parte de mais uma vez driblar as mentiras impostas pelo inimigo, caso morresse estaria feliz, mesmo porque cumpriu o pedido do Deus. Sem dinheiro, não poderia pagar multas; viver preso ou sem filosofar, não viveria dignamente; preferindo morrer, até porque cumpriu a missão de fazer o povo enxergar que a alma é o mais importante para o ser humano, portanto, deve-se cuidar melhor dela, não do corpo ou dos bens materiais; e se fosse absolvido, continuaria esse trabalho.
Por não fazer cenas ridículas e desonrosas estava mais vulnerável a ser condenado, não surpreso com a condenação. As calúnias foram bastante reforçadas com os acusadores recentes e os antigos, além do pouco tempo que ele dispôs para se defender.
Com ironia e de certa forma com razão, Sócrates sugere a Pritaneu, uma pena, nada mais justo para quem tentou sempre mostrar o valor da alma, a essência da vida.
Aos que condenaram estavam matando Sócrates, que estava a serviço do Deus do Oráculo e o principal responsável pela sua condenação foi não fazer o que estavam acostumados a ouvir e ver: gemidos, súplicas ou lamentos, pedidos de perdão e muito mais. E ele ainda acrescenta: “Bem melhor morrer após a defesa que fiz, do que viver defendendo-me como gostariam”. E a ligeira malvadez dos que lhe condenaram, será com certeza, rebatida por Zeus; Ele os castigará de forma ainda mais dura. Disse ainda: “Matando homens não estarão construindo uma vida boa, a morte não liberta, nem é eficaz, nem é honrosa”.
Aos que absolveram foram contemplados com o término da conversa de Sócrates, dizendo que a morte talvez seria nada, ou apenas mudança, imigração da alma, comparada ao sono. A morte só veio libertá-lo das injustiças do mundo e talvez, lá no céu poderia até continuar o trabalho de investigar os que se dizem sábios.
Então, termina seu ato de defesa, mesmo já condenado a morte com um belo, simples, consciente e imutável pedido: “Bem, é chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor destino, seu eu, se vós, é segredo para todos, exceto para a Divindade”.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Platão. Apologia de Sócrates. São Paulo: Martin Claret, 1999 (Coleção obra prima de cada autor).
JaloNunes.

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