DESCANSO PARA LOUCURA: junho 2012

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terça-feira, 26 de junho de 2012

Rio São Francisco - Pão de Açúcar/AL

“O rio São Francisco, popularmente conhecido por “Velho Chico”, nasce na Serra da Canastra (MG). Possui uma extensão de 2.800 quilômetros e atravessa os estados de MG, BA, PE, SE e AL".
"O rio São Francisco desemboca no Oceano Atlântico e possui vários rios afluentes em sua bacia hidrográfica: Abaeté, das Velhas, Paraopeba, Jequitaí, Paracatu, Verde Grande, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande". 

"O São Francisco possui uma grande importância econômica na região por onde passa, pois, é usado para navegação (em alguns trechos), irrigação de plantações e pesca. Em função desta importância, existe um projeto do governo federal que pretende fazer a transposição do rio para que as águas possam atingir regiões que sofrem com a seca nordestina". 

"Ele também é uma importante via de transporte de mercadorias na região. Os principais produtos transportados, em embarcações especiais, são: sal, arroz, soja, açúcar, cimento, areia, manufaturados, madeira e alguns minérios. Há também o transporte de turistas, pois o passeio pelo rio é muito procurado. O rio São Francisco também é conhecido como rio da integração nacional”.
Disponível em: http://www.suapesquisa.com/pesquisa/rio_sao_francisco.htm Acesso em: 23/04/2012. 

“O rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d'água do Brasil e de toda a América do Sul. Ele atravessa regiões com condições naturais das mais diversas e tem cinco usinas hidrelétricas".
"À medida que o São Francisco penetra na zona sertaneja semi-árida, apesar da intensa evaporação, da baixa pluviosidade e dos afluentes temporários da margem direita, tem seu volume d'água diminuído, mas mantém-se perene, graças ao mecanismo de retroalimentação proveniente do seu alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. Nesse trecho o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são observadas de maio a setembro, condicionadas à estação seca".

 

Descobrimento 

"Como escreveu Guimarães Rosa, sua história tem sido a história do sofrimento de um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza. Seu descobrimento é atribuído ao navegador florentino Américo Vespúcio, que navegou em sua foz em 1501. O nome é homenagem a São Francisco de Assis, festejado naquela data. A 4 de Outubro de 1501, uma expedição de reconhecimento descia a costa brasileira, rente ao litoral, comandada por André Gonçalves e Américo Vespúcio e vinda do Cabo de São Roque. A região da foz era habitada pelos índios, que a chamavam Opará, que significa algo como “rio-mar”. Outra expedição, em 1503, chegou à foz, comandada por Gonçalo Coelho, outra vez com Américo Vespúcio. O rio era visitado apenas nas cercanias da foz, pois a mata, a caatinga desconhecida e as tribos ferozes impediam os brancos de penetrar na terra".

"Segundo fontes governamentais, tem uma extensão de 2 830 km e uma declividade média de 8,8 cm/km. A média das vazões na foz é de 2 943 m³/s, e a velocidade média de sua corrente é de 0,8 m/s (entre Pirapora, Minas Gerais e Juazeiro, Bahia)". 
"O rio São Francisco recebe a água de 90 afluentes pela margem direita e 78 afluentes pela margem esquerda, num total de 168 afluentes, sendo 99 deles perenes. É um rio de grande importância econômica, social e cultural para os estados que atravessa. Folcloricamente, é citado em várias canções e há muitas lendas em torno das carrancas (entidades do mal) que até hoje persistem. Os trechos navegáveis estão no seu médio e baixo cursos. O maior deles, entre Pirapora e Juazeiro - Petrolina, com 1 371 km de extensão, pode ser analisado em três subpartes, devido a algumas características distintas de seus percursos. O primeiro subtrecho, que se estende de Pirapora até a extremidade superior do reservatório de Sobradinho, próximo à cidade de Xique-Xique, tem 1.074 km de extensão. No médio São Francisco, a navegação é exercida pela FRANAVE, com frota de comboios adequada às atuais condições da via". 
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_S%C3%A3o_Francisco Acesso em: 23/04/2012.



Umas casas de Pão de Açúcar/AL; Rio São Francisco.

Através desta pista (Pão de Açúcar/AL) tem-se o acesso até a balsa - Rio São Francisco.



Belíssimo nascer do sol no Rio São Francisco. 

Este barco acoplado a balsa é responsável por movimentá-la sobre o Rio São Francisco.   
Rio São Francisco. Vê-se uma pequena parte da margem em Sergipe.



Após a travessia, território de Sergipe; esta é exatamente a divisa entre AL e SE.
Rio São Francisco.

domingo, 10 de junho de 2012

Fichamento - Manifesto contra o Trabalho

Capa de uma das edições (2003) do
Manifesto contra o Trabalho.
I - O DOMÍNIO DO TRABALHO MORTO

·   “Um cadáver domina a sociedade – o cadáver do trabalho” (p. 15).
·  “A venda da mercadoria força de trabalho será no século XXI tão promissora quanto à venda de diligências[1] no século XX” (idem).
·     “O trabalho determina o pensar e o agir (psique e poros)” (p. 16).
· Países que não atenderam as leis do mercado foram “literalmente” triturados pelo totalitarismo econômico.

II – A SOCIEDADE NEOLIBERAL DO APARTHEID

·                    “Isso ocorre quando a venda de mercadoria força de trabalho deixa de ser regra e passa a ser exceção” (p. 19).

·                    Hoje dar-se mais importância ao como impor a seleção.

·                    “Todos os recursos do planeta são usurpados sem hesitação para a máquina capitalista do fim em si mesmo” (p. 20).

·                    “O incômodo do ‘lixo humano’, fica por conta da polícia, da religião e dos sopões para pobres” (idem).

·                    Esses servem de exemplo para que não se desista nunca de buscar trabalho.

·                    “A demanda por serviços pessoais simples, é tanto maior quanto menos custam” (Comissão para o Futuro dos Estados Livres da Baviera e da Saxônia Apud Grupo Krisis, p. 21).



III – O APARTHEID DO NEO-ESTADO SOCIAL

·                    “Um ser humano sem trabalho não é um ser humano” (p. 23).

·                    “O Estado deveria endireitar o que o mercado não consegue mais” (idem).

·                    “A simulação estatal de trabalho é, por princípio, violenta e repressiva” (p. 24).

·                    Até mesmo os que não trabalham são “arrastados para os holofotes do interrogatório estatal, por assistentes sociais e agenciadores de trabalho e são obrigados a prestar reverência perante o trono do cadáver-rei” (p. 25).

·                    “Cria-se a legitimação moral para tratar de maneira mais dura os desempregados e os que recusam trabalho” (p. 26).


IV – O AGRAVAMENTO E O DESMENTIDO DA RELIGIÃO DO TRABALHO

·                    “Principalmente durante os últimos 150 anos, todas as teorias sociais e correntes políticas estavam possuídas, por assim dizer, pela idéia trabalho” (p. 29).

·                    Há, portanto, um dogma impiedoso que professa que o trabalho é a determinação natural do homem.

·                    “Não é nada mais que o princípio social irracional que aparece como coerção natural por que destruiu, ao longo dos séculos, todas as outras formas de relação social ou as submete e se impôs como absoluto” (p. 32).

V – O TRABALHO É UM PRINCÍPIO COERCITIVO SOCIAL

·                    “Na esfera do trabalho não conta o que se faz, mas que se faça algo, pois o trabalho é justamente um fim em si mesmo, na medida em que é suporte da valorização do capital-dinheiro” (p. 35).

 ·                    “A acumulação de ‘trabalho morto’ como capital, representado na forma-dinheiro, é o único ‘sentido’ que o sistema produtivo de mercadorias conhece” (p. 36).


VI – TRABALHO E CAPITAL SÃO OS DOIS LADOS DA MESMA MOEDA

·                    Tanto para o trabalho em si, quanto para o capitalismo o que importa é o conteúdo da produção.

·                    “Interessa apenas a possibilidade de vender de forma otimizada a força de trabalho” (p. 38).

VII – O TRABALHO É DOMÍNIO PATRIARCAL

·                    “Sem o esforço social cindido nas formas de atividade ‘femininas’, a sociedade do trabalho nunca poderia ter funcionado” (p. 42).

·                    “O patriarcado não é abolido, mas passa por um asselvajamento na crise inconfessa da sociedade do trabalho” (p. 43/44).


VIII – O TRABALHO É ATIVIDADE DA MENORIDADE

·                    “Trabalho não é sinônimo de atividade humana autodeterminada, mas remete a um destino social infeliz” (p. 48).

·                    Trabalho é a atividade dos que perderam a liberdade.


IX – A HISTÓRIA SANGRENTA DA IMPOSIÇÃO DO TRABALHO

·                    “Vários séculos de violência aberta em grande escala foram precisos para torturar os homens a fim de fazê-los prestar serviço incondicional ao deus-trabalho” (p. 47).

·                    A população se desenvolveu basicamente não por que estava evoluindo e melhorando, mas necessariamente por que se precisava de material humano para transformar em dinheiro.

·                    “Direitos antigos, como liberdade de caça, pesca e coleta de lenha em florestas, foram extintos” (p. 49).

·                    “O universalismo da sociedade do trabalho já é totalmente racista desde sua raiz” (p. 50).


X - O MOVIMENTO OPERÁRIO: UM MOVIMENTO EM PROL DO TRABALHO

·                    “O movimento operário clássico, que só entrou em ascensão muito depois do declínio das antigas revoltas sociais, já não lutava contra as exigências do trabalho; pelo contrário, desenvolveu precisamente uma hiperidentificação com aquilo que lhe parecia ser inevitável. Interessava-se apenas por «direitos» e correcções no seio da própria sociedade do trabalho, cujas coerções já tinha amplamente interiorizado”.

·                    “Assim, o movimento operário assumiu, à sua maneira, a herança do absolutismo, do protestantismo e do Iluminismo burguês. A infelicidade do trabalho foi convertida numa falsificação: o orgulho do trabalhador, que vinha redefinir em termos de «direito do homem» a autodomesticação do indivíduo como material humano do ídolo moderno”. (...) “A burguesia não era combatida enquanto suporte funcional da sociedade do trabalho, mas, pelo contrário, censurada como parasita, em nome do trabalho”.

·                    “As desigualdades decorrentes do funcionamento da máquina da valorização do capital, logo que esta passou a determinar toda a vida social, tinham que ser reequilibradas pelo Estado social. O movimento operário encarregou-se também de fornecer o paradigma para este efeito. Sob o nome de «social-democracia», tornar-se-ia o maior «movimento civil» da história, que, no entanto, só podia ser a sua própria armadilha”.

·                    “A democracia da sociedade do trabalho é o sistema de dominação mais pérfido da história - é um sistema de auto-repressão. (...) A democracia é o contrário da liberdade”.


XI - A CRISE DO TRABALHO
Esboço da Crítica da Economia Política, 1857/1858.

·                    “(...) No desenvolvimento lógico da racionalização, a robótica electrónica substitui a energia humana e as novas tecnologias das comunicações tornam o trabalho humano supérfluo. Desaparecem por inteiro sectores ou níveis anteriormente existentes na construção, na produção, no marketing, no armazenamento, na venda e mesmo na gestão. Pela primeira vez, o ídolo trabalho submete-se involuntariamente a um regime de racionamento duradouro. E com isso cava a sua própria sepultura”.
·                    “O capitalismo torna-se uma instituição de minorias à escala global. No seu desespero, o ídolo trabalho, agonizante, torna-se o canibal de si próprio. Em busca de sobras de trabalho para se alimentar, o capital faz estourar as fronteiras da economia nacional e globaliza-se numa concorrência nómada, em que cada grupo procura desalojar o outro. (...) Com uma onda de fusões e de «aquisições hostis» sem precedentes históricos, os cartéis armam-se para a última batalha da economia empresarial. Os Estados e nações desorganizados implodem, e as populações, empurradas para a loucura pela luta concorrencial de sobrevivência, digladiam-se na guerra étnica dos bandos.


XII - O FIM DA POLÍTICA

·                    “A crise do trabalho arrasta consigo necessariamente a crise do Estado e, portanto, da política. (...) Na sua forma amadurecida de democracia de massas, no século XX, o Estado teve de assumir, de forma crescente, encargos de natureza socio-económica: não apenas o sistema de segurança social, mas também a saúde e a educação, a rede de transportes e de comunicações, infra-estruturas de todo o tipo que se tornaram indispensáveis para o funcionamento da sociedade do trabalho, enquanto sociedade industrial desenvolvida (...)”.

·                    “(...) Com o desemprego de massas, sempre crescente, secam as receitas estatais provenientes dos impostos sobre os rendimentos do trabalho. As redes sociais rompem-se assim que se atinge uma massa crítica de «supérfluos» que, em termos capitalistas, só podem ser alimentados através da redistribuição de outros rendimentos financeiros. Na situação de crise, com o acelerado processo de concentração do capital, que ultrapassa as fronteiras das economias nacionais, desaparecem também as receitas fiscais resultantes da tributação dos lucros das empresas”.

·                    “É precisamente este processo que leva o Estado democrático a transformar-se em mero administrador da crise. Quanto mais se aproxima do estado de emergência financeira, mais se reduz ao seu núcleo repressivo”.

·                    “Apesar de toda a abundância de conhecimentos, capacidades e meios da medicina, da educação, da cultura, da infra-estrutura geral, a lei irracional da sociedade do trabalho, objectivada em termos de «restrição ao financiamento», fecha-os a sete chaves, desmantela-os e atira-os para a sucata - exactamente como acontece com os meios de produção agrários e industriais que deixaram de ser «rentáveis». O Estado democrático, transformado num sistema de apartheid, nada mais tem para oferecer àqueles que até agora eram os cidadãos do trabalho do que a simulação repressiva da ocupação em formas de trabalho barato e coercivo, e o desmantelamento de todas as prestações sociais”.

XIII - O CAPITALISMO DE CASINO E O SEU JOGO DE SIMULAÇÃO NA SOCIEDADE DO TRABALHO
Esboço da Crítica da Economia Política, 1857/58.

·                    “A consciência social dominante engana-se sistematicamente a si mesma sobre a verdadeira situação da sociedade do trabalho. As regiões em colapso são ideologicamente excomungadas, as estatísticas relativas ao mercado de trabalho são descaradamente falsificadas, as formas de pauperização são dissimuladas pelos media”.

·                    “O consumo de trabalho presente é substituído pelo recurso ao consumo de trabalho futuro, que nunca chegará a realizar-se. Trata-se, de certo modo, de uma acumulação de capital num fictício «futuro do conjuntivo»”.

·                    “(...) Mas a acumulação do capital já não pode continuar a ser simulada através do endividamento do Estado. E é por isso que, desde os anos oitenta, a criação complementar de capital fictício se transfere para os mercados bolsistas. Neles, há muito que não se trata de obter dividendos, ou seja, a distribuição de lucros da produção real, mas apenas de obter ganhos de cotação pelo aumento especulativo do valor dos títulos de propriedade até números de grandeza astronômica”.

·                    “O ídolo do trabalho está clinicamente morto, mas recebe respiração artificial através da expansão aparentemente autonomizada dos mercados financeiros. As empresas industriais obtêm ganhos que já não resultam da produção e da venda de bens reais (...). Os orçamentos públicos apresentam receitas que não resultam de impostos ou de empréstimos, mas da participação zelosa da administração financeira no jogo de azar dos mercados. E os orçamentos privados, que viram as receitas reais provenientes dos salários e honorários reduzir-se drasticamente, só conseguem manter um nível elevado de consumo à custa de ganhos na bolsa (...)”.


XIV - O TRABALHO NÃO PODE SER REDEFINIDO
Trabalhar e não Desesperar, 1843.

·                    “Após séculos de domesticação, o homem moderno já nem consegue imaginar uma vida para além do trabalho”.

·                    “Mas, fora do escritório ou da fábrica, a sombra do trabalho estende-se sobre o indivíduo moderno muito para lá desse dever interiorizado de consumo de mercadorias como finalidade autotélica. Logo que se levanta do sofá em frente da televisão e começa a agir, qualquer coisa que faça transforma-se numa espécie de trabalho”.

·                    “(...) O imperialismo do trabalho traduz-se portanto na linguagem do dia-a-dia. Não só estamos habituados a empregar inflacionadamente a palavra «trabalho», como também a usá-la em dois planos de significação completamente diferentes. Há muito que «trabalho» não significa apenas (como seria pertinente) a forma de actividade, própria da sociedade capitalista, dentro da engrenagem da finalidade autotélica; o conceito tornou-se igualmente sinónimo de qualquer actividade com um objectivo e, desta forma, apagou o seu rasto”.

·                    “Esta forma de pensar não visa, portanto, a emancipação das coerções dominantes, mas apenas uma correcção semântica (...)”.


XV - A CRISE DA LUTA DE INTERESSES

·                    “Por muito que a crise fundamental do trabalho seja recalcada e transformada em assunto tabu, a verdade é que ela marca com o seu cunho todos os conflitos sociais da actualidade. A passagem de uma sociedade de integração de massas para uma ordem de selecção e apartheid não conduziu a uma nova ronda da antiga luta de classes entre o capital e o trabalho, mas sim a uma crise das categorias da própria luta de interesses imanente ao sistema”.

·                    “(...) Os trabalhadores assalariados desertam dos sindicatos, os gestores deixam as associações empresariais. Cada um por si, e o deus sistema capitalista contra todos: a tão invocada individualização não é senão mais um sintoma da crise da sociedade do trabalho”.

·                    “(...) A pretensão de utilizar a luta de interesses imanente ao sistema como alavanca da emancipação social esgota-se irreversivelmente. E desta maneira, portanto, chega ao fim a esquerda clássica. O renascer de uma crítica radical do capitalismo pressupõe uma rotura categorial com o trabalho. Só quando se estabelecer um novo objectivo de emancipação social num plano situado para lá do trabalho e das categorias fetichistas dele derivadas (valor, mercadoria, dinheiro, Estado, forma jurídica, nação, democracia, etc.), é que se tornará possível uma re-solidarização de nível elevado e à escala de toda a sociedade (...)”.


XVI - A SUPERAÇÃO DO TRABALHO
O Sistema Nacional da Economia Política, 1845.

·                    “Apesar da sua dominação absoluta, o trabalho nunca conseguiu apagar totalmente a revolta contra as suas coerções. A par de todos os fundamentalismos regressivos e de todos os desvarios da concorrência no plano da selecção social, existe também um potencial de protesto e resistência. O mal-estar existe em larga escala dentro do capitalismo, mas é reprimido para o subsolo socio-psíquico (...)”.

·                    “Trata-se portanto de esboçar em traços largos quais os objectivos possíveis para um mundo situado para lá do trabalho. O programa contra o trabalho não se alimenta de um cânone de princípios positivos, mas da força da negação”.

·                    “(...) Neste processo torna-se também necessário que a propriedade privada seja atacada de um modo diferente e novo”.

·                    “Na crise da sociedade do trabalho, quer a propriedade privada quer a propriedade estatal tornaram-se obsoletas, porque as duas formas de propriedade pressupõem na mesma medida o processo de valorização do capital”.

·                    “(...) A crítica do trabalho é uma declaração de guerra contra a ordem dominante; não é uma coexistência pacífica entre alguns nichos e as coerções da ordem dominante. O lema da emancipação social só pode ser: tomemos aquilo de que necessitamos! Não nos arrastemos mais de joelhos sob o jugo dos mercados de trabalho e da administração democrática da crise! A condição necessária para a realização destes objectivos é o controlo exercido por novas formas sociais de organização (associações livres, conselhos) sobre o conjunto das condições sociais da reprodução”.

·                    “A ditadura do trabalho cinde o indivíduo humano. Separa o sujeito económico do cidadão, o animal de trabalho do homem em férias, a esfera pública abstracta da esfera privada abstracta, a masculinidade artificial da feminilidade artificial, opondo assim aos indivíduos isolados o seu próprio contexto social como um poder que lhes é estranho e os domina (...)”.


XVII - UM PROGRAMA ABOLICIONISTA CONTRA OS AMANTES DO TRABALHO
Manuscritos EconómicoFilosóficos, 1844

·                    “Os adversários do trabalho serão acusados de não passarem de fantasistas. A história teria comprovado que uma sociedade não pode funcionar se não se basear nos princípios do trabalho, da coerção produtiva, da concorrência em economia de mercado e do egoísmo individual”. “(...) Quando milhões de outros, que mal suportam a vida frenética a que os obriga a ditadura do trabalho, caem no isolamento e na solidão, narcotizam a inteligência sem qualquer prazer e adoecem física e psiquicamente? Quando o mundo é transformado num deserto, apenas para que com o dinheiro se possa fazer mais dinheiro? Pois bem. Esse é realmente o modo como o vosso grandioso sistema do trabalho «funciona»”

·                    “(...) Para fazer com que a humanidade interiorizasse a ditadura do trabalho e do egoísmo, foi preciso começar por exterminar as instituições auto-organizativas e de cooperação autodeterminada típicas das antigas sociedades agrárias. Talvez tenha sido realizado um trabalho perfeito. (...) Não podemos saber se será bem sucedida a libertação desta forma de vida condicionada. Está em aberto a questão de saber se a derrocada do sistema do trabalho conduzirá à superação da respectiva loucura ou ao fim da civilização”.

·                    “(...) Não nos referimos apenas aos sectores de trabalho que são claramente perigosos para a comunidade, como a indústria automóvel, a indústria de armamento e a indústria nuclear; falamos também da produção das inúmeras próteses de sentido, dos ridículos objectos de pseudodiversão destinados a simular um sentido substitutivo para a vida desperdiçada, imposta aos homens da sociedade do trabalho (...)”.

·                    “Já estamos a ouvir o grito: Ai, tantos postos de trabalho! Mas, com certeza. Calculai calmamente quanto tempo de vida a humanidade rouba diariamente a si mesma só para acumular «trabalho morto», para administrar os indivíduos e deitar umas gotas de óleo na engrenagem do sistema dominante. (...) Não acabarão de modo algum todas as actividades, quando a coerção do trabalho desaparecer. Serão, sim, as actividades a mudar de carácter a partir do momento em que já não estiverem confinadas à esfera do tempo abstracto, linear, e da respectiva finalidade autotélica e sem sentido, passando cada actividade particular, pelo contrário, a poder seguir o seu próprio ritmo, individualmente variável e integrado em contextos de vida pessoais; e nas formas maiores de organização da produção serão os indivíduos a determinar eles próprios os ritmos, em vez de se submeterem às determinações da ditadura da valorização do capital na lógica da economia empresarial (...)”.

·                    “Não dizemos que todas as actividades se tornarão um prazer. Umas mais, outras menos. Naturalmente, há sempre algo que necessariamente tem de ser feito. Mas quem há-de assustar-se com tal coisa, se a vida não for consumida nisso? E haverá sempre muito mais coisas que podem ser feitas por livre escolha. Porque faz falta a actividade, tal como faz falta o ócio. Ora, o trabalho nunca conseguiu suprir esta falta. Limitou-se a instrumentalizá-la no seu interesse, a sugá-la vampirescamente”.

·                    “(...) Não vos dizemos nada de novo. E, no entanto, nunca retirareis as consequências daquilo que tão bem sabeis. Porque, de facto, continuais a abster-vos de tomar qualquer decisão consciente sobre quais os meios de produção, de transporte e de comunicações que faz sentido utilizar e quais os que são prejudiciais ou simplesmente supérfluos (...)”.


XVIII - A LUTA CONTRA O TRABALHO É ANTIPOLÍTICA
A Morte de Danton, 1835.

·                    “A superação do trabalho é tudo menos uma utopia nebulosa. A sociedade mundial não pode manter-se na forma actual por mais cinquenta ou cem anos. O facto de os adversários do trabalho terem de se haver com um ídolo clinicamente morto não torna a sua missão necessariamente mais fácil. Pois, quanto mais se agudiza a crise da sociedade do trabalho e abortam todas as tentativas de recuperação, mais se aprofunda o fosso entre o isolamento das mónadas sociais desamparadas e as exigências de um movimento de auto-apropriação da sociedade no seu todo (...)”.

·                    “(...) Quem tem por objectivo a apropriação emancipatória e a transformação de todo o contexto social dificilmente poderia ignorar a instância que até agora organizou o quadro das respectivas condições gerais. É impossível alguém rebelar-se contra a expropriação das suas potencialidades sociais sem entrar em confronto com o Estado. Porque o Estado não só administra cerca de metade da riqueza social, como garante também a subordinação coerciva de todas as potencialidades sociais ao princípio da valorização do capital. Daí decorre que nem os inimigos do trabalho podem ignorar o Estado e a política, nem o Estado e a política podem contar com a sua colaboração. Se o fim do trabalho é o fim da política, então um movimento político para a superação do trabalho seria uma contradição nos termos. Os adversários do trabalho apresentam exigências ao Estado; não constituem, contudo, um partido político, e nunca formarão um. A finalidade última da política só pode ser a conquista do aparelho de Estado para dar continuidade à sociedade do trabalho. Daí que os adversários do trabalho não queiram ocupar os centros de comando do poder, mas sim desactivá-los”.

·                    “(...) Liberdade significa não deixar que se seja triturado pelo mercado e não deixar que se seja administrado pelo Estado, e em vez disso organizar autonomamente todo o conjunto das relações sociais, sem a intromissão de aparelhos alienados. (...) Trata-se de encontrar novas formas de movimento social e de estabelecer testas de ponte para uma reprodução da vida que se situe para lá da sociedade do trabalho. Trata-se de combinar as formas de uma práxis de contra-sociedade com a recusa ofensiva do trabalho”.

·                    “Os poderes dominantes podem declarar-nos loucos, porque arriscamos a rotura com o seu sistema coercivo irracional. Não temos nada a perder, a não ser a perspectiva da catástrofe para onde esses poderes nos conduzem. Temos um mundo a ganhar, para lá das fronteiras do trabalho”.

·                    “Proletários de todos os países, acabai com ele!
Disponível em: paperst1531.blogspot.com

REFERÊNCIA
MANIFESTO CONTRA O TRABALHO. Grupo Krisis; (Tradução Heinz Dietermann; com colaboração de Cláudio Roberto Duarte). - São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003. - (Coleção Baderna).

Disponível em: http://obeco.planetaclix.pt/mctp.htm Acesso em: outubro de 2011.

[1] Carro...

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